A Morada é desde sempre um tema central da arquitetura.
Projetar uma habitação é também construir uma morada. Habitar e construir encontram-se, assim, numa relação de meios e fins. Pensando desse modo, tomamos construir e habitar como duas atividades separadas, o que não deixa de ser uma representação correta. Porém, construir já não é em si mesmo habitar? A manifestação do homem face à vontade do terreno e seu respectivo contexto?
Interpretando esse mesmo contexto, e surgindo de uma pré-existência que remonta a um outro tempo, a habitação estabelece o dialogo entre dois tempos. Passado e Futuro são conjugados de forma a garantir nova logica formal e funcional adequando-se às novas necessidades do habitar. Formalmente, a habitação expressa uma linguagem simples e contemporânea. O seu corpo é quebrado para melhor se adequar à morfologia distinguindo assim as diferentes áreas do habitar.
O alçado frontal, adjacente à frente de estrada, mantém a traça original da habitação. O alçado posterior irá articular o decréscimo de cota de terreno, assumindo dois pisos e um sótão. A nível programático nos pisos superiores estão localizadas as divisões mais intimas, quartos. Por sua vez, nos pisos térreos é pretensão de projeto a abertura dos mesmos ao terreno, estabelecendo-se a sala e respectivas dependências comuns.
“(…) As casas são como as pessoas. A frase é banal, outras são mais rebuscadas. Mas é uma espécie de segunda pele. Quer dizer, as pessoas têm uma alma interior, mas também têm uma alma exterior. Não é por acaso que, quando eu faço assim ou assim, estou a incomodar-te e não te estou a tocar. Portanto, há uma atmosfera, uma energia em que as pessoas se reveêm na sua identidade. Quer no corpo, quer na roupa, quer nas casas. Portanto, as casas são como as pessoas: diferentes, manipuláveis, mexem-se.” Souto Moura
Segmento
Habitacional
Data do projecto
2019
Área
400m2